segunda-feira, 9 de março de 2020

Das Unbeschreibliche


Sabe aquela música que você ama, e que você diz pra si e pra o mundo que é a música mais perfeita?
Pois é, nem ela é boa o suficiente.
Nem Schubert, nem Tartini, nem Vivaldi, nem  Tchaikovsky, nem Bach, nem Beethoven, nem Elvis e BB King, nem Beatles, nem Aretha Franklin... De Liszt a 1D, até hoje não existiu nenhum humano capaz de compor uma música que fosse precisa ao ponto de invocar em suas melodias, a explosão de oxitocina e dopamina, das quais sou uma assídua consumidora, e quase ingrata à serotonina que passam a ser liberados em minha corrente sanguínea, quando estou na sua presença, quando minha derme está próxima o suficiente à sua, quando o atrito entre nossos dedos, que consequentemente produz calor, aquece o principal órgão do meu sistema cardiovascular, quando o seu timbre penetra meu sistema auditivo, causando um êxtase timpaniano, aumentando a frequência de batimentos e irrigando o ponto central do meu sistema nervoso, que libera mais oxitocina, dopamina e serotonina, que "mau acostuma" todo meu corpo, que estando próximo ao seu, goza de toda infinidade de consequências boas e reações químicas, algumas decifráveis, a maioria delas, indescritível... Eu, agora, como adicta assumida, uso e abuso de todo meu limitado conhecimento anatômico, químico, reativo, cultural e científico, pra justificar o meu vicio, e o meu vicio é você, pra dizer que o amor é uma reação química, mas também é um sentimento, e esse sentimento tem movido a humanidade e tem sido responsável por inúmeras obras, criações, composições e roteiros, justamente por ser tão singular à sua maneira que se experimenta. De Shakespeare a Lispector, de Einstein à Tesla, de Nietzsche a Skinner, até hoje ninguém soube decifrar, definir, formular, explicar... De da Vinci à Picasso, não souberam pintar... De Michelangelo à Donatello, não souberam esculpir... Quem sou eu pra tentar verbalizar?
Só espero ser suficiente. Só espero ser. Só espero não precisar falar, pois não haveriam argumentos, músicas, explicações científicas ou psicológicas que pudessem me ajudar nesta tarefa.
Caso algum dia sinta dúvida (e eu espero que não tenhas), basta olhar nesses olhos heterocrômicos, olha o mais profundo que puder.
Eu não esqueço, nem nunca esquecerei aqueles olhos castanho escuros que li ontem de madrugada. Foi a coisa mais linda que li.
Ich liebe dich no mais profundo e visceral que qualquer pessoa possa ter sido na história.

Eu queria ser mais abrangente e citar Pitágoras, Tolstoi, Dostoiévski, Paracelso, Heráclito, Sócrates, Baumann, Platão, Schopenhauer, Renato Russo, Buda, Cora Coralina e Machado de Assis... Mas entre todos os caminhos a resposta seria -do latim- um grande nihil, ou seja, um grande nada.

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